quarta-feira, 26 de outubro de 2011

NOVEMBRO - MÊS DA CONSCIENCIA NEGRA


As discussões em torno da consciência negra, não devem acontecer apenas no mês de Novembro. Deve ser uma matéria permanente em todos os espaços onde ocorrem debates e reflexões a respeito da real condição do povo negro no Brasil. Igrejas, Sindicatos, Escolas, Partidos políticos, Movimentos Populares, Comunidades negras, ONGs e Sociedade Civil organizada como um todo, devem estar sempre atentos, como se estivessem sobre as fortificações do Quilombo dos Palmares, no pico da serra da barriga gritando NÃO!! 20 de Novembro não é uma data comemorativa. É o dia em que foi assassinado o maior líder da história do povo negro no Brasil, ZUMBÍ DOS PALMARES. É sim um momento de reflexão e avaliação dos efeitos da luta dos negros por Igualdade Social, pois essa era uma das maiores bandeiras de luta de Zumbi.Não há!, E nem pode haver comemoração alguma!!! A data deve ser, sim um marco de luta do povo negro, marginalizado, empobrecido cada vez mais. Tem que ser um momento de denuncia da exploração secular que se renova sempre e que se perpetua com a cumplicidade de tantos.Por isso, apresentamos as seguintes propostas concretas de luta:
  • 1- Devemos exigir indenização pelos assassinatos, mutilações de órgãos, estupros, espancamentos, açoites, corpos queimados vivos em caldeiras com mais de 50 (cinqüenta) graus centígrados e outras crueldades praticadas pelos poderosos com aval e consentimento do clero e assistência do governo da época.
  • 2- Devemos exigir a demarcação e devolução ao povo negro, das terras de todos os quilombos, ou sua transformação em parques nacionais , onde se celebre o holocausto do povo negro , para servir de espaço e templo da dignidade humana afrontada constantemente pela cobiça e pela estupidez de uma classe dominante insaciável e de um estado bandido
  • 3- Devemos exigir indenização pelos quatrocentos anos de trabalho escravo, sem salários. O povo negro tem direito a essa indenização moral, jurídica e economicamente necessária, socialmente adequada. É crédito que não prescreve. E quem deve pagar é o Tesouro Nacional, pois foi sob a proteção estatal que a exploração do trabalho escravo foi imposta ao povo negro. Cada família negra, cada homem negro, cada mulher negra, cada criança negra tem direito a receber essa indenização. É sua herança, imprescritível, é seu resgate moral.

A escravidão continua, está aí, clara e evidente, com nova roupagem, nova dimensão e nova cor que é efeito da ideologia do embranquecimento. Os que ainda se acham donos da vida e da morte, procuram mudar o curso da nossa história e nos rotulam de pardos quando somos negros. Temos orgulho de nossa negritude e sabemos que vivemos nom país negro. Somos maioria neste país, embora marginalizados e impedidos de viver com decência.Ontem destruíam nossos corpos, nossos olhos, nossos braços, nos mutilavam com a inarrável crueldade dos senhores de engenho; Hoje nos destroem com o desemprego, o sub emprego, o salário mínimo.Ontem, a senzala para nós, enquanto eles na casa grande. Hoje as mansões, os palácios e todos os equipamentos urbanos para eles, enquanto que para nós, as favelas, os cortiços e os porões. Ontem, como hoje , a terra bem comum nas mãos deles, enquanto nós continuamos sem terras e "bóias frias". Para nós a prisão, para eles o poder e o comando ontem e hoje.Pois, para nós....Ontem, a rebelião, PALMARES....E hoje, a união, a luta e a certeza de que......Como diria o poeta: "QUEM SABE FAZ A HORA NÃO ESPERA ACONTECER"!!.

Texto: Eufraudisio Modesto Filho