domingo, 27 de fevereiro de 2011

Outra Ceia

Eu tive um sonho bom
Gostoso de sonhar
Durou a noite inteira
Eu tive um sonho bom
Sonhei com Oxalá
Em plena sexta-feira

Abri o coração com toda a minha fé
Cansado de chorar, rezei
Falei da minha cruz
Roguei o seu axé
A luz que é verdadeira
Também pedi perdão por tudo o que eu errei
E ele quis cuidar de mim
Chamou os Orixás
Corrente de poder
Nessa reunião se fez

Mandou Iemanjá, Oxum
Oxumaré
Lavarem o meu coração
Que o vento de Iansã soprasse com amor
Mais justiça de Xangô
Que a espada de Ogum ganhasse de uma vez
Batalhas por onde eu passar
Que Oxossi não deixasse a ceia me faltar
E Ossaim com as ervas me banhar

Da saúde também, Omolú vai cuidar
A falange atendeu ao meu Pai Oxalá

Outra Ceia

Grupo Pura Tentação

Composição: Carlito Cavalcante / Marquinho Pqd

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Histórias não contadas


Tia Marcelina (Maceió - AL)


Edson Moreira
Griot – Um contador de histórias

Nos primeiros quinze anos do século passado, principalmente no ano de 1912, houve uma perseguição em massa a todos os terreiros de Candomblé, Umbanda e outras seitas derivadas de religiões africanas. Estes passavam por uma prova de fogo para verificar se realmente havia incorporações de entidades nos Pais de Santos, Mães de Santos e Filhos de santos, nos Babalorixás em geral.

A prova constava, algumas vezes, em queimar o Babalorixá com um charuto aceso, se ele estivesse incorporado não sentiria dor e seria liberado, caso contrário seria preso em uma cela especial que possuía seu teto revestido com placas de gelo chamada de “geladeira” (localizada na Praça das Graças, ao lado da Igreja Nossa Senhora das Graças – no Bairro da Levada), cujo, Delegado titular era o Sr. Juca Mendes que morava ao lado da família do Dr. Artur Dorvillé, vizinho ao 1° Centro de Saúde Pública, que na maioria das vezes levava a morte os Babalorixás. Porém, antes de serem presos, a polícia colocava os objetos sagrados do Peji na cabeça dos Babalorixás, obrigando-os a andar pelo centro da cidade afirmando sua condição de macumbeiro.

A perseguição e a discriminação aos negros em Alagoas existiram desde a época do Quilombo dos Palmares, pois a ordem era exterminar, eliminar, massacrar todos os Quilombolas. Muitos babalorixás fugiram para Pernambuco e Salvador onde havia grande aglomeração de negros.

Em Alagoas, uma das vítimas desta perseguição foi Tia Marcelina uma figura semelhante a Mãe Menininha do Gantois. Tia Marcelina era uma ex-escrava africana de Janga, Angola, era uma descendente do Quilombo dos Palmares e de família real africana e juntante com Manoel Gelejú, Mestre Roque, Mestre Aurélio e outros fundaram os primeiros Xangôs do Brasil, no bairro de Bebedouro – Maceió – Alagoas. Ela tinha o saber, o carisma e a voz viva dos Orixás, sendo contemplada com a coroa de Dadá, homenagem outorgada pelos oráculos do continente africano, era o posto mais alto da hierarquia religiosa africana no Brasil e que significava na liturgia africana “irmão mais novo de Xangô”. O seu terreiro (casa de toque) estava situado num pequeno sítio atrás do Espaço Cultural da UFAL, hoje denominada Rua Sete de Setembro, lado direito do Riacho Salgadinho nas proximidades da Rua Aroeira onde já funcionou o Cartório da 13ª Vara Criminal de Maceió.

Informações colhidas do Mestre Zumba, filho de Dona Hortência, Filha de Santo de Tia Marcelina, que ouvia muitas histórias dos antigos Babalorixás e da escravidão. Uma delas era a respeito da morte de Tia Marcelina, para a qual existem duas versões.

A primeira versão foi ao saber que ia ser visitada pela Liga dos Republicanos Combatentes (organização que perseguia os Xangôs em Alagoas e seus seguidores) com sede em Alagoas, chefiada pelo sargento que não tinha uma das pernas e ex-combatente da Guerra dos Canudos, Manoel Luiz da Paz, ela preferiu atirar-se na cacimba existente no quintal de seu terreiro. A Segunda Versão, contada por sua Filha de Santo Hortência, foi que por não aceitar submeter-se a aquelas humilhações, teria sido espancada e morta com ferimentos de sabre na cabeça. Mas antes de morrer teria amaldiçoado a cidade dizendo: “Maceió é um dia só”, profetizando que, Maceió não teria futuro, que todas as ações feitas pelos poderes, na cidade, não dariam certo. É bom salientar que o guarda civil que espancou Tia Marcelina morreu com o lado do corpo completamente seco coincidentemente o braço e a perna que atingiram e espancaram Tia Marcelina.

Uma das causas da perseguição religiosa das matrizes africanas em Maceió em 1912, foi a divergência de duas facções políticas. Uma que freqüentava e era adepta dos terreiros e a outra não simpatizante. Esta última para atingir seus opositores realizou o “Quebra”, como ficou conhecido esta violência religiosa.

O Quebra era a destruição dos terreiros de Alagoas. Os objetos sagrados dos Pejis que restaram após o Quebra, hoje se encontram no Museu Histórico de Alagoas.

Isto aconteceu nos anos idos de 1912, os brancos dominantes da época, não registraram esta história. Mas hoje, eu negro, Edson Moreira, conto para vocês.

Esta história é verdadeira e foi contada oralmente pelos mais antigos de minha geração: de Pais de Santos para Filhos e de irmão para irmão e de avô para netos e bisnetos e hoje chega aos seus ouvidos.

Mitologia Africana: Águas de Oxalá


por Thiago Bianchetti*

Um dia Oxalufã (também conhecido como Oxalá), que vivia com seu filho Oxaguiã, resolveu viajar a Oyó para visitar seu outro filho Xangô. Antes de partir resolveu consultar o oráculo de Ifá para saber sobre a viagem. Assim, procurou um babalaô para que deitasse os búzios para ele; o mesmo o fez e ao ler o jogo determinado por Ifá viu que ele correria perigo na viagem e recomendou-lhe não prosseguir com ela, pois seria desastrosa e acabaria mal. Mesmo assim, Oxalufã, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. Então o adivinho aconselhou que levasse consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa e, ainda, lhe disse para aceitar fazer tudo que lhe fosse pedido no caminho sem reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida, advertiu o oráculo. Em sua caminhada, Oxalufã encontrou três Exus. O primeiro que encontro foi o Exu Eledu, que lhe abraçou e pediu para que o ajudasse a levantar um saco com carvão, Oxalufã lembra-se do jogo de Ifá, sem poder dizer não e sem reclamar, ajuda a Exu. No entanto, Exu, sempre brincalhão e trapaceiro, deixou o lado furado do saco para o ancião, e ao suspender o saco com rapidez o carvão sujou toda a roupa branca de Oxalufã; Exu cai em gargalhadas! O ancião, se controlando para não se contrariar, sai pacientemente da presença de Exu e procura um rio para se limpar. Toma banho e veste roupa limpa e, ao invés de lavar a que tinha acabado de sujar, assim como lhe sugeriu o babalaô quando aconselhou que levasse o sabão-da-costa, despachou-a ali mesmo. Oxalufã retorna a sua viagem e repentinamente lhe aparece o Exu Elepó que derrama sobre ele uma bacia de óleo de dendê, todo sujou da substância que mais detesta, lembra do sabão na sua cabaça, mas já não tinha uma roupa reserva para trocar e lavar a suja. Resolve prosseguir mesmo sujo. Como se não lhe bastasse os infortúnios, encontra com o Exu Aladi, que o deixa ainda mais sujo ao arremessa-lhe caroços de dendê. O velho não se desesperou e por três vezes suportou em silêncio as armadilhas de Exu. Oxalufã já muito exausto e sujo finalmente chega ao reino de Oyó que era regido pelo filho Xangô. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô. Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas neste momento chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufã todo sujo e com o cavalo, daí pensaram tratar-se de um ladrão. Os guardas, contrariados com a possibilidade do furto, o maltrataram e o prenderam. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro. Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô desesperado resolve procurar um babalaô que consultou Ifá; descobre que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometeu. Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era seu pai. O rei ordenou que trouxessem água do rio para lavá-lo e ordenou que todos de Oyó vestissem branco em respeito. Pediu para que todos cultivassem o silêncio, pois era preciso respeitosamente pedir perdão ao patriarca. Xangô pessoalmente tirou toda a roupa suja e maltrapilha que Oxalufã tinha passado no cárcere e o banhou publicamente, em seguida o vestiu de branco e carregou o velho rei nas costa em sinal de respeito. Mandou preparar grande festa e o levou para homenageá-lo e todo o povo saudava Oxalá e todo o povo saudava Xangô com grande alegria. As coisas no reino de Oyó começaram a voltar à normalidade. Depois Oxalufã voltou para casa e Oxaguiã ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.

Baseados nesse mito de origem os adeptos afro-brasileiro realizam em várias partes do país a cerimônia das Águas de Oxalá em homenagem a divindade. No Brasil, por conta da repressão religiosa às entidades do panteão negro, Oxalá é sincretizado com Senhor do Bonfim, que é Jesus Cristo, por isso a cerimônia em reverência ao deus africano é realizada nas escadarias das igrejas de mesmo nome do santo católico em algumas localidades do país. A festa é muito famosa em Salvador-BA, por exemplo, onde adeptos saem em romaria até as escadarias da igreja, e onde o carnaval oficial é aberto só após a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim.

Em Maceió a cerimônia já dura 9 anos (desde 2002), esse ano aconteceu no dia 09 de janeiro, onde adeptos da religião de matriz africana saíram em romaria do bairro do Jacintinho ao bairro do Poço até o local da igreja do Senhor do Bonfim daquela localidade. As Águas de Oxalá, carregadas em grandes alguidares (são potes de barro) pelos fieis afro-alagoanos, representam o banho de limpeza oferecido por Xangô a seu pai. O ritual acontece do lado externo da igreja, as escadas da igreja são lavadas em homenagem ao Orixá. O ritual religioso é organizado pelo Núcleo de Cultura Afro-Brasileira Iyá Ogun-té liderado pelo babalorixá Célio Rodrigues. Em 2011 o cortejo trouxe consigo centenas de pessoas, adeptos ou simpatizantes da religião no estado e de fora dele, onde o intuito maior era pedir a divindade um ano repleto de alafiá (felicidades), paz e sucesso. A festa acontece dividida em duas grandes partes, a primeira, acontece de forma mais reservada nos mais variados xangôs do estado desde os primeiros dias de janeiro, onde às obrigações espirituais secretas ao Orixá são feitas dentro do ambiente dos terreiros. A segunda parte, cerimonial público, acontece quando o adê (coroa) e o Opáxoró (bastão de prata) de Oxalá, símbolos de maior representatividade da divindade, é conduzido por iabás (sênior da religião) e omo (crianças), com seus axos (roupas) brancos em percurso ritual entoando cânticos a Oxalá. Alguns adeptos se posicionam sob um pano sagrado conhecido pelo termo iorubá Alá, o qual os cobre - como uma espécie de tenda - os objetos e pessoas consagradas ao Orixá durante o percurso; o Alá é uma metáfora que simboliza o grande ayê (céu) sobre as pessoas, e é sobre ele que os humanos vivem e cultuam seus deuses, assim os fieis saem em baixo do céu de Oxalá para pedir proteção junto à sua coroa. Em entrevista ao babalorixá Célio Rodrigues ao final da festa o mesmo contava que a lavagem das escadas da igreja representa uma forma de homenagear e relembrar um mito de origem da religião de matriz africana, onde a lavagem das escadas do Senhor do Bonfim representa a limpeza do palácio de Oxalá e a singela e justa homenagem de Xangô a seu pai. No tempo mítico esse cerimonial é tão importante que o próprio Xangô em homenagem ao ocorrido com pai adaptou em seu colar de contas vermelhas a cor branca característica de Oxalá.

Esse deus é o símbolo vital do Candomblé, trata-se de um Orixá fun fun para a religião de matriz africana, ou seja, divindade que estava nos primórdios de tudo na Terra, fez e acompanhou a criação do planeta e por ser tão idoso seu arquétipo, quando incorpora em seus filhos na Terra, mantém uma postura corporal curvada sobre os joelhos e anda bem lentamente como uma pessoa de idade avançada. Todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. Junto com os demais Orixás fun fun do ayê, Oxalá criou a vida, mas a ele cabe a responsabilidade de sustentar a fecundidade do mundo. Por isso que quando no mito de origem enquanto o Orixá permanece preso a vida no reino de Oyó ia se dissipando rapidamente e só retorna a normalidade quando o mesmo é libertado, limpo e homenageado. Por isso que quando nas casas de axé a saudação Epa Bàbá é realizada se trata substancialmente da euforia em ter o ciclo vital mantido por Oxalá.

Epa Bàbá!
* Thiago é mestrando em antropologia e batuqueiro do AfroCaeté

O nascimento do Reggae


O som que saiu de uma pequena ilha do Caribe para dominar o Mundo! "Os piratas me capturaram. Me venderam para navios mercantes", desabafa Bob Marley em seu hino.
Num dos capítulos mais vergonhosos da história mundial, cerca de 400 milhões de Africanos foram arrancados de seu continente para trabalhar como escravos na Europa e nas Américas.
Essa mão de obra barata e qualificada foi de extrema importância para a Jamaica. A ilha recebeu sua primeira leva de escravos em 1509, quinze anos depois de ser descoberta por Cristóvão Colombo - a população indígena nativa tinha sido dizimada em poucos anos. Os novos moradores chegaram trazendo cultura e cânticos próprios.
Do cruzamento de sua música com as tradicionais canções piratas nasceu a primeira identidade musical da Jamaica O MENTO.

Um corte brutal para os anos 50.
A Jamaica escuta mento associado ao calipso e às steel drums de Trinidad; a turma mais jovem prefere escutar rhythm´n´blues americano, captado por rádios de alta potência. Os clubes populares por sua vez, promovem bailes com big bands nativas - em que se destacam o trombonista Dom drummond, e o guitarrista Enerst Ranglin - trazendoum repertório com muito Duke Ellington, Glen Miller e outros sultões do swing.
Neste cenário marcado pela diversidade musical fermentam as mudanças que sacudiram a Jamaica, a primeira delas ocorreu na metade dos anos 50, patrícios mais espertos trocam as bandas pela música mecânica. Nome de dois deles : Clement Coxsone e Dodd Duke Reid, donos dos primeiros sound systems(uma espécie de discoteca ambulante). O repertório de suas festas é regado pelos melhores sons do rhythm´n´blues dos EUA. Quem tem os discos mais raros ganha a preferência do povão. Houve muito branquinho(leia-se Chis Blackwell, futuro patrão de Bob Marley) ganhando um bom dinheiro com viagens aos Estados Unidos à cata de vinis raros de cantores americanos. Um caso parecido com o que acontece hoje no Maranhão(capital nacional do reggae) que tem seu mercado marcado pelas radiolas.
Duke Reid e Dodd tornam-se donos de estúdios na Jamaica, no caso de Dodd ele funda o Studio One, celeiro dos maiores artistas de reggae de todos os tempos.
Pelo Studio One passaram Bob Marley & The Wailers, Burning Spear, Dennis Bronw e até os gordinhos do Inner Circle
A partir dessas mudanças no estilo de musica local, surgiu um ritimo chamado SKA que nada mais é do que uma pajelança dos estilos musicais que embalavam a Jamaica.

O Ska ainda produz um novo tipo de consumidor: os rude boys, delinqüentes saídos do interior da Jamaica para virem morar em TrenchTown, a favela de lata.
O sacolejo envolvente do Ska impulsionava vários novos artistas, em 1962 Jimmy Cliff, então com 14 anos, emplacaseu primeiro hit.
O novo ritimo ainda nem havia esquentado o salão quando surge o Rock Steady, que adiciona a batida rock ao tchaca tchaca do Ska. De curta duração, porém um brilho intenso revela ao mundo os talentos Desmond Dekker e Millie Small, entre outros - o reinado do rock steady marca o último suspiro de genialidade dos estúdios de Duke Reid.
A música Jamaicana dá sua grande e definitiva virada no final dos anos 60, o pai da criança é um tal Lee Perry, um chapeleiro doido saído dos domínios de Coxsone Dodd. Lee desacelera a batida do ska e emprega um bando de músicos locais, desconhecidos e doidos para se enfurnar em um estúdio.

E caso você goste de lendas, eis a melhor delas para justificar o nascimento do Reggae: houve na Jamaica um verão escaldante e, com pena do povo que se desidratava ao dançar, os músicos decidiram aliviar e tocar o ska mais devagarinho. Nascia assim uma música que iria ganhar o mundo: O Reggae!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Escurecendo as Idéias


Nossa “pura” sociedade brasileira sempre quis ser européia e branca, o currículo escolar brasileiro tem apresentado o “outro” ou o não - branco europeu como não – humanos, não – sujeitos. Os demais são seres inferiores, historicamente por natureza (atrasados intelectualmente, vivem em tribos ou aldeias), até foram “catalogados” encurralados com teorias e desalmados pelos representantes da "Santa" Igreja Católica, são seres sem produção artística e intelectual (tocam batuques barulhentos, pintam corpos, andam nus...), só servem para trabalhar em serviços braçais, que demandam grande esforço físico (nas lavouras, por exemplo), são dóceis e também servis (não tem consciência da situação precária em que estão inseridos, vivem e não mudam porque não querem ou não sabem como), mas que foram” libertos” pela inteligência e superioridade brancas.

Com a luta pela implementação da Lei 10.639/2003, um novo horizonte surgiu, no sentido que era possível abrir espaço para outra práticas pedagógicas que mostrem o mundo muito além do imaginário europeu. Reavaliar e corrigir os lendários equívocos históricos, que a cada dia só reforçam preconceitos no sistema educacional pela infame e generalizada falta de informação sobre a questão racial e sobre o que é discriminação. Banir aquilo que produz baixas na auto-estima da criança negra, reforçada por atividades educacionais como a utilização de músicas e ditados pejorativos considerados "folclóricos" e, principalmente, desconstruir essa mazela que sequelou a população brasileira, o mito da democracia racial brasileira, que trouxe grandes prejuízos para a população não branca desse País.

Uma das questões que dificulta a plena adoção prática da lei está na falta de qualificação dos professores sobre o tema. Como sabemos não cabe ao Estado se responsabilizar pela formação total e continuada dos docentes. Tudo nos leva a crer que os conteúdos têm sido renunciados ou abordados de forma inadequada, o que temos e uma imensa carga de equívocos conceituais, em grande parte das escolas, sobretudo em datas como o 13 de maio (Abolição da Escravatura) e o 20 de novembro (Dia dedicado á Consciência Negra).

Escrito por Marcelo Pixote, fragmento retirado da avaliação final para certificação no Curso "O olhar do Outro - O negro no Brasil Pós-Abolição

Escurecendo as Idéias


A RESISTÊNCIA É A ÚLTIMA FRONTEIRA PARA A LIBERDADE...

Salve, Salve Malungada !!
Nessa ocasião quero firmar ponto com quem realmente tem sagacidade e espirito de mudança, pessoas cientes da importância de lutarmos, da consciência de que nossa raça, nosso povo negro, pode e deve conquistar o nosso espaço nessa sociedade racista e excludente.

Caô Cabecilê!

Tamo Junto!


"Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia mas todo mundo sabe que isso é verdade"

Bob Marley